Recomendo que veja o filme da minha vida, uma história sobre amor e vida para além da morte, com um final… surpreendente!
Sou um apaixonado por cinema à moda antiga. Para mim, ver um filme e embarcar numa história é um momento solene e, mesmo quando o faço em casa, gosto de ter a sala todas às escuras, com os telemóveis desligados, e nem quero comer pipocas, nem doces, nem nada: durante duas horas, a minha concentração foca-se completamente nas aventuras e desventuras daquelas personagens. Mesmo tendo este hábito, há muitos filmes de que me esqueço logo depois de os ter visto. Não me tocaram na alma. De outros acabo por me lembrar, de vez em quando, ao falar com alguém ou numa situação do dia a dia. E, depois, há aquele filme especial, o “filme da minha vida”, ao qual regresso sempre… mesmo sem ser preciso vê-lo vezes sem conta. Esse filme é “A Cidade dos Anjos”.
A premissa da história é interessante: o anjo Seth (Nicolas Cage) vagueia por Los Angeles, consolando as almas desesperadas dos humanos. Certo dia, vê Maggie (Meg Ryan), uma cirurgiã muito racional e dedicada ao trabalho que fica bastante abalada ao perder um paciente durante uma operação. E é amor à primeira vista. A partir daí, o anjo decide ficar visível para Maggie e os dois encontram-se diversas vezes. Sendo correspondido, Seth fica com um dilema nas mãos: ou continuar imortal ou passar a ser humano para amar e ser amado intensamente.
Se o ponto de partida é ótimo, a forma como a história é contada comove-nos, principalmente pela química fantástica entre Meg Ryan e Nicolas Cage! Aliás, acho que este ator está especialmente bem, com um tom de voz sempre sereno e expressões suaves. Não é assim que imaginamos os anjos? Meg Ryan também está excelente… Não são poucas as vezes de que me lembro da cena em que a cirurgiã chora, devastada, num vão de escada, depois de perder o seu paciente.
A música de “A Cidade dos Anjos” é um capítulo à parte. Com ou sem letra, a melodia presente no filme acompanha-nos ao longo do amor que vai nascendo entre os protagonistas… até ao final, que, para mim, é um autêntico “murro no estômago”. Até hoje, continuo a ouvir a banda-sonora deste filme, sempre que preciso de descontrair e encontrar alguma paz na azáfama do dia a dia.
Sempre que acabo de ver o filme, entre uma outra lágrima que acaba por escapar, faço uma profunda reflexão sobre a vida, a morte, o amor. E, acima de tudo, fico com a certeza de que, nas alturas de maior desamparo e cansaço, temos sempre um anjo a olhar por nós, a guiar-nos e a dar-nos forças para continuar. Fico com a certeza de que existe muito mais vida do que os nossos sentidos são capazes de captar.